Com bate-boca na ALMG, secretário de Zema defende gestão privada na saúde
Fábio Baccheretti prestou contas sobre o trabalho da Secretaria de Saúde em sessão do Assembleia Fiscaliza na manhã desta quarta-feira (4/6)
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Siga noEm meio a uma série de denúncias e críticas de parlamentares da oposição ao sistema hospitalar do estado, o secretário de Saúde de Minas Gerais, Fábio Baccheretti, foi à Assembleia Legislativa (ALMG) prestar contas do trabalho da pasta na manhã desta quarta-feira (4/6). A sessão foi marcada pela defesa do modelo de terceirização da gestão das unidades de saúde e bate-boca entre deputados.
Baccheretti, assim como outros secretários que aram pelas sabatinas do programa Assembleia Fiscaliza nesta semana, iniciou a sessão na Comissão de Saúde da Casa com uma apresentação dos números da pasta com foco na realização de cirurgias eletivas, campanhas de vacinação e expansão dos pontos de atenção no estado. Os pontos mais sensíveis começaram a ser levantados com a participação dos parlamentares no debate.
Questionado sobre o projeto de lei (PL) que institui o Serviço Social Autônomo (SSA) de Gestão Hospitalar, Baccheretti defendeu o modelo e o associou à Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), utilizada no gerenciamento da rede federal. A proposta está parada na Assembleia e é considerada pela oposição uma tentativa de privatização do atendimento à população.
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O secretário defendeu a aprovação do modelo de SSA como forma de gerir a parceria público-privada (PPP) para a construção de um complexo hospitalar no antigo terreno do Hospital Galba Velloso, no Bairro Gameleira, na Região Oeste de BH. A unidade reunirá os hospitais Alberto Cavalcanti; o Eduardo de Menezes; a Maternidade Odete Valadares; e o Hospital Infantil João Paulo II.
“Temos o grande investimento de 1,6 bilhão para a nova PPP. Vai ser o hospital mais moderno do Brasil. Vamos ampliar os leitos para oncopediatria, pois temos poucos locais, e hemato-oncologia, que é um grande gargalo em Belo Horizonte e Região Metropolitana. Será um hospital com mais de 170 apartamentos, imagine o SUS com apartamentos, que poderão ser dobrados com mais de 300 leitos para casos de epidemias”, disse Baccheretti.
Bate-boca
O momento de embate na sessão aconteceu quando o deputado Lucas Lasmar (Rede) criticou a apresentação de Baccheretti por não ter respondido a todas as perguntas a ele apresentadas. O parlamentar listou a situação de precariedade em hospitais do estado como o Julia Kubitschek e a sobrecarga no Hospital João XXIII causada pelo fechamento do Hospital Maria Amélia Lins.
Em uma série de questionamentos, Lasmar utilizou matérias jornalísticas para perguntar ao secretário sobre uma pretensa precariedade do sistema de saúde mineiro. Em uma das perguntas, o deputado falou sobre um incidente no Hospital João XXIII em que uma garrafa PET foi utilizada como coletor de urina. Baccheretti disse que havia equipamentos suficientes e que o registro foi feito propositalmente para atacar a gestão da pasta.
“Não tenho dificuldade em responder perguntas e não levo nada para o lado pessoal. Quero que a saúde melhore e só lamento muito por você (Lucas Lasmar) não conseguir enxergar melhoria na saúde do estado. Sou médico há muito tempo e tenho convicção de que estamos melhorando, e muito [...] o caso vinculado ao coletor urinário. Acho que muita gente sabe o que aconteceu nos bastidores, mas naquele dia tinha, sim, o coletor urinário na farmácia do João XXIII, e alguém colocou uma PET. Esse alguém sabe quem é e está nos ouvindo, cortou e fez o vídeo. Isso faz parte. Me lembro quando uma fralda entrou em uma calha para entupir. Eu lembro de tudo de quando era presidente da Fhemig”, disse o secretário.
Insatisfeito com as respostas, Lucas Lasmar pediu novamente a palavra e teve o direito à fala negado pelo presidente da comissão, Arlen Santiago (Avante). “Em muitos processos vão ficar respostas que, às vezes, as pessoas não conseguem entender direitinho”, disse o parlamentar logo antes de ar a palavra ao colega governista Dr. Maurício (Novo).
Lasmar se indignou e bradou: “Isso é uma vergonha, feche a comissão, então”. Ao fim da sessão, o parlamentar concedeu entrevista, em que voltou a reclamar sobre a participação de Baccheretti e as respostas que considerou incompletas.
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“Aprovamos aqui na Assembleia requerimentos sobre quais são os temas que eram para ele (o secretário) se posicionar na audiência. Ele não os trouxe na apresentação e sequer quis responder várias perguntas de problemas graves que temos na saúde pública do estado de Minas Gerais e principalmente na Região Metropolitana de BH. O silêncio nos mostra muito do que realmente estamos cobrando, e eles não estão focando. O exemplo do Hospital João XXIII, que tem várias pessoas no corredor com fatura exposta há mais 15 dias, e o governo ainda insiste em manter o Hospital Maria Amélia Lins fechado. Essa briga judicial só está prejudicando a população”, reclamou o parlamentar.