Série sobre Roberto Bolaños opõe filhos e viúva do criador de Chaves
"Chespirito: Sem querer querendo", que acaba de estrear na Max, pinta com tintas negativas a figura da atriz Florinda Meza, que protestou nas redes sociais
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Siga noAtor mexicano de 41 anos, Pablo Cruz nunca esteve no Brasil. Intérprete de Roberto Gómez Bolaños (1929-2014) na minissérie “Chespirito: Sem querer querendo”, principal estreia da Max nesta semana, ficou impressionado em saber que, durante muito tempo, “365 dias por ano, duas horas por dia”, o país assistia ao seriado “Chaves”.
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“Ao descobrir isto, e ainda mais em um país como o Brasil, que tem uma cultura tão rica, eu soube que havia ali algo especial”, disse. Hoje são “apenas” 40 minutos diários – na faixa noturna do SBT/Alterosa, com episódios de “Chaves” e “Chapolin”. É algo impressionante, levando-se em consideração que as séries foram produzidas na década de 1970.
Gerações e gerações acompanharam as aventuras do protagonista, que vivia em um barril, e seu grupo de amigos. “Foi sem querer querendo” é um dos bordões da comédia. É também o título da autobiografia de Bolaños. Publicada no Brasil em 2021, é ela a base da produção, que teve a mão da família nos bastidores. Dois de seus seis filhos – Roberto e Paulina – supervisionaram tudo.
Pablo Cruz, que até então não tinha muita relação com o humor ingênuo criado por Bolaños, conta que a família deu o ao arquivo de fotografia e de vídeo. “Foi por meio deles que fui estudando e aprendendo a voz, as maneiras.”
Para Cruz, o processo coletivo para a criação dos programas de TV é um aspecto muito importante na maneira como Bolaños trabalhava. “Ele se considerava mais um escritor do que ator, então foi pensando nisso que trabalhei o personagem.”
Os episódios serão lançados semanalmente. O de estreia, o único disponível, vai e volta no tempo. Em ritmo novelesco, ele nos mostra Bolaños em três momentos. Na infância (interpretado por Dante Aguiar), ele rouba a cena de um palhaço quando é levado para o picadeiro de um circo – é ali que diz, pela primeira vez, o bordão “sem querer querendo”.
A referência artística é o pai, que morre muito cedo. Com mais dois irmãos, é criado pela mãe, que implica com Roberto. Ele sonha em ser ator. Nos anos 1950, trabalhando numa fábrica – onde emula um Charles Chaplin em “Tempos modernos” – , logo abandona o emprego fixo para se dedicar à paixão – a escrita e a atuação.
É na juventude (o ator Iván Aragón assume o papel), que Bolaños conhece Graciela Hernández (Macarena García Romero), com quem virá a se casar e ter os seis filhos. Há ainda uma sequência que mostra como ele consegue o boné que vai virar a marca de Chaves.
As sequências são muito rápidas, logo pulando de tema e época. Pablo Cruz aparece com destaque no primeiro episódio. Já consagrado e com pouco tempo para a família, Bolaños decide levar todos para Acapulco. É no balneário mexicano que é gravado um dos episódios mais conhecidos da série.
Originalmente, “Vamos todos a Acapulco”, dividido em três partes, foi lançado em maio de 1977 no México. Foi o mesmo ano em que ele se separou de Graciela. Pouco depois da separação, veio a público a relação que ele mantinha com Florinda Meza, a intérprete de Dona Florinda. Bolaños só se divorciou da primeira mulher em 2004, ano em que se casou oficialmente com Florinda.
Os filhos nunca se deram bem com a madrasta, tanto que, antes de “Chespirito” estrear, a viúva foi a público, via redes sociais, afirmar que a falta de respeito com a qual a série a tratava “causaria grande dor ao Roberto”. E questionou: “Quem se importa com a autorização ou opinião de alguém que já partiu?”. Para evitar que o caldo ferva ainda mais, na minissérie Florinda (interpretada pela atriz Bárbara López) se chama Margarita Ruiz.
“CHESPIRITO: SEM QUERER QUERENDO”
• Minissérie em oito episódios. O primeiro está disponível na Max. Novos episódios às quintas.