Paulo Ricardo relembra sucessos dos anos 1980 no Arraiá do Buritis
Comemorando os 40 anos de carreira, o cantor e compositor é a atração principal da festa que acontece neste sábado (7/6), no campus do UniBH
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Siga noHouve algo de especial em 1985 que transformou o cenário musical brasileiro. Talvez um alinhamento cósmico, ou ventos criativos que espalharam a fagulha efervescente do chamado BRock. Foi o ano em que Legião Urbana estreou com o disco homônimo, trazendo hinos como “Será” e “Ainda é cedo”. O Ultraje a Rigor lançou o irônico e mordaz “Nós vamos invadir sua praia”. Os Titãs apresentaram “Televisão”. “O o do Lui”, álbum que os Paralamas do Sucesso lançaram no fim de 1984, estourou de vez em 1985. E o RPM surgiu com a sonoridade inédita de “Revoluções por minuto”, misturando rock, synthpop e new wave.
Exatamente 40 anos depois, Paulo Ricardo, ex-vocalista do RPM, revisita esse momento histórico no show “Rock Nacional”, que será apresentado neste sábado (7/6), no campus do UniBH. A apresentação integra a programação do Arraiá do Buritis, que contará ainda com shows de Geiza Carneiro e Baile do Maguá.
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O repertório de “Rock Nacional” tem como base projeto semelhante do vocalista: o álbum “Rock Popular Nacional” (1996), com versões de músicas de bandas contemporâneas ao RPM e de veteranos – caso de “Baby”, composição de Caetano Veloso imortalizada na voz de Gal Costa; e “Ouro de tolo”, de Raul Seixas.
Dos contemporâneos, Paulo Ricardo contempla Lulu Santos (“Um certo alguém”), Lobão (“Me chama”), Titãs (“Marvin”), Barão Vermelho (“Bete Balanço”) e Blitz (“A dois os do paraíso”).
“No primeiro término do RPM, eu quis me aproximar de outras vertentes da música brasileira. Cantei músicas de Vinicius de Moraes ao lado de Toquinho, canções do Caetano… ei por diversas cenas e me mantive antenado. Gravei o tema de abertura do ‘Big Brother’ e fiz parcerias com o Dennis DJ e Alok. Mas quando lancei ‘O verso’ (single deste ano, com participação de Rogério Flausino), foi como se eu reencontrasse aquele garoto que eu era no início do RPM”, conta o músico.
Mais do que banda de sucesso, o RPM foi um fenômeno cultural na época da redemocratização. O grupo traduziu o desejo da juventude brasileira por mudança – daí o nome “Revoluções por minuto”. A combinação de carisma, voz grave e visual sedutor consolidou Paulo Ricardo como um dos maiores sex symbols dos anos 1980. E sua figura, que unia rebeldia roqueira e apelo pop, o transformou em ídolo nacional.
O padrinho Caetano
Não foi apenas a estética da banda que fez sucesso. “Louras geladas”, “Olhar 43” e “Rádio pirata” – faixas de “Revoluções por minuto” – estouraram de imediato. E Caetano Veloso, ao anunciar a estreia da banda no programa “Globo de Ouro”, da TV Globo, acabou se tornando espécie de padrinho informal do grupo. Na época, o RPM ainda era visto com desconfiança por parte da crítica, e o elogio público do tropicalista ajudou a legitimar a banda no cenário musical nacional.
Exatamente por isso, os sucessos do RPM não ficam de fora do show deste sábado. “Essa geração dos anos 1980 – e o RPM acabou fazendo parte disso também – deixou uma herança rica: canções bem elaboradas, com letras muito sofisticadas que devem ser lembradas”, destaca.
Tudo isso é apresentado numa estética colorida, que remete à pop arte e ao estilo graphic novel, do qual Paulo Ricardo é fã assumido. É uma forma de reviver – mesmo que brevemente – o ado sem cair na nostalgia. Em contrapartida, o show dialoga com o presente ao incluir faixas em formato voz e violão.
“A concepção do show a por Belo Horizonte”, revela o músico.
“Desde que comecei minha carreira, sempre usei muita tecnologia e sintetizadores. Morria de medo de fazer um show em formato acústico e perder a sonoridade das canções. Mas, quando chegou a pandemia, eu não tive escolha. Era só eu e o violão. Comecei a fazer versões das músicas no formato acústico e gostei. Quando houve a reabertura dos teatros, estreei o novo formato no Palácio das Artes. Então, tive confiança de colocar voz e violão em ‘Rock Nacional’”.
Da mesma forma que a concepção do show ou por BH, o final da temporada também será na capital mineira, com a apresentação deste sábado. A partir da semana que vem, Paulo Ricardo inicia uma série de shows – serão superproduções – em comemoração aos 40 anos de carreira.
“Já estamos quase estreando, mas é um show que ainda não existe. Não está pronto”, confidencia o roqueiro, mais bem-humorado do que preocupado.
PAULO RICARDO
Apresentação é parte da programação do Arraiá do Buritis, neste sábado (7/6), a partir das 14h, no campus do UniBH (Av. Professor Mário Werneck, 1.685, Buritis). Ingressos à venda por R$ 80 (2º lote, inteira) e R$ 40 (2º lote, meia social, mediante doação de 1kg de alimento) no Sympla.