BNDES adiciona ingredientes à disputa em torno do Propag
Em um intervalo de 15 dias, o texto ou pela mão dos deputados, foi devidamente emendado e já recebeu a sanção do governador Romeu Zema (Novo)
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Siga noO projeto de lei (PL) que autoriza o ingresso de Minas Gerais no Programa de Pleno Pagamento das Dívidas dos Estados (Propag) tramitou em altíssima velocidade na Assembleia Legislativa. Em um intervalo de 15 dias, o texto ou pela mão dos deputados, foi devidamente emendado e já recebeu a sanção do governador Romeu Zema (Novo).
O sprint inicial do plano de refinanciamento dos R$ 170 bilhões devidos à União foi então brecado. Era de se esperar dada à complexidade dos demais projetos enviados pelo Executivo aos parlamentares pedindo autorização para, basicamente, federalizar ou privatizar todos os ativos do estado.
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Na semana que ou, além da já tradicional dificuldade de alinhamento entre os poderes mineiros, a entrada do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) no jogo deixou tudo ainda mais encalacrado.
A regulamentação do Propag, publicada em abril, determinou que os estados teriam até outubro para enviar ao governo federal a lista de ativos que podem federalizar para amortizar o estoque da dívida. Caso ao menos 20% do valor devido sejam atingidos com os bens, além da redução do débito, são retirados dois pontos percentuais dos juros hoje fixados pela inflação mais 4% ao ano. O ponto que gera a mais recente complicação está no fato de que o BNDES foi destacado como responsável por determinar o preço dos ativos estaduais e, portanto, quanto poderá ser abatido com o ree deles ao governo federal.
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Na quarta-feira (4/6), o vice-governador Mateus Simões (Novo) – o verdadeiro chefe do Executivo no caso do Propag – se reuniu com a diretoria do BNDES e ouviu do banco que não é possível terminar a avaliação de ativos antes do fim deste ano. Acontece que Minas precisa decidir se adere ou não ao programa até 31 de dezembro. Sem saber o valor de ativos como a Codemig, a Cemig e a Copasa, como fazê-lo? Essa pressão vai estourar na Assembleia.
Entre os deputados da oposição – e mesmo entre parte da base governista – há uma justificável preocupação de que a aprovação de alienação de ativos como as empresas estatais e a lista que Zema preparou com mais de 300 imóveis acabe por se tornar um salvo conduto para os interesses privatistas do governador. A tese mais defendida aponta que só a Codemig já seria suficiente para atingir os R$ 34 bilhões e, com isso, os 20% almejados pelo Executivo estadual. Assim, a discussão sobre os projetos que tratam das federalização segue lenta, com avanços e recuos.
Por outro lado, ouvir do BNDES que as avaliações (ou valuations como quer o anglicismo recorrente entre os privatistas mais entusiasmados) só ficarão prontas no ano que vem deu ao governo combustível para insistir na tese que a Assembleia precisa, impreterivelmente, autorizar a alienação de todos os ativos da relação de Zema. E lá se vão Codemig, Cemig, Copasa, imóveis, Universidade do Estado (Uemg), Rede Minas, Rádio Inconfidência, créditos da dívida ativa, compensação previdenciária…
Com a ampla autorização da Assembleia Legislativa, o governo defende que teria margem de manobra para atingir os 20% sem riscos relacionados à recusas do Ministério da Fazenda ou avaliações abaixo do esperado pelo BNDES. Em tese, não cabe ao credor se esforçar mais do que o devedor em explicitar as condições para reduzir uma dívida, mas uma manifestação incisiva do BNDES e da Fazenda sobre o interesse em aceitar a Codemig e que sua avaliação pode, sim, atingir os 20% necessários para reduzir os juros, reduziria muito o ruído entre Assembleia e Cidade istrativa.
O bloco de oposição a Zema na Assembleia tenta uma reunião em Brasília com essa finalidade. Esse encontro se torna cada vez mais urgente para apaziguar a guerra de narrativas e permitir o avanço de uma alternativa real para o problema fiscal de Minas Gerais. Por ora, o Executivo estadual parece manter sua pouca disposição para a negociação, então cabe aos deputados buscar uma solução direto na fonte.
Pecar e (ou) orar por omissão
Se a posição de Álvaro Damião (União Brasil) sobre os flagrantemente inconstitucionais projetos aprovados na Câmara Municipal de Belo Horizonte era um mistério, agora se sabe que ela será nula. O prefeito da capital mineira preferiu não se posicionar sobre o projeto que autoriza a inclusão da Bíblia como material paradidático nas escolas da cidade e também sobre o que cria o dia dos métodos contraceptivos naturais, uma espécie de festa da tabelinha. Com o fim do prazo para posicionamento do Executivo, coube ao Legislativo sancionar as leis.
2º round na Justiça
Como era de se esperar, a bancada de esquerda da Câmara de BH acionou a Justiça para barrar os projetos da Bíblia e dos contraceptivos naturais. É provável que as ações movidas pelo Psol contra as iniciativas tenham vitória nos tribunais, já que, novamente, tratam-se de ações inconstitucionais. O próximo o dessa controvérsia é ouvir dos parlamentares reacionários que eles estão sendo vítimas de perseguição e de interferência entre os poderes.
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O fim da canção
Na próxima sexta-feira (13/6), o desembargador Júlio César Lorens assumirá a presidência do Tribunal Regional Eleitoral (TRE-MG) com mandato até junho de 2026. Oficializa-se então o fim da gestão de Ramom Tácio, o jurista que se notabilizou por se apresentar com músicas próprias e versões do cancioneiro pop nacional e internacional em qualquer ocasião, sempre com um violão a tiracolo.