"PESADELO"

Fumaça de motel em Belo Horizonte tira a paz de moradores

'Veneno invisível que invade nossas casas todos os dias', denunciam os vizinhos do motel Le Baron. Estabelecimento contesta, mas já foi multado pela prefeitura

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Uma fumaça branca, liberada por um motel, virou tormento para moradores do Bairro Dom Cabral, na Região Noroeste de Belo Horizonte. "Isso não é só fumaça. É um veneno invisível que invade nossas casas todos os dias", diz publicação feita nas redes sociais pela associação de moradores do bairro. Localizado na Avenida Cícero Idelfonso, o Motel Le Baron contesta.
 
 
"Olha a situação dos vizinhos do Motel Le Baron. Já houve várias tentativas de contato, e os moradores nunca são atendidos. Morar perto do motel virou um pesadelo. A fumaça que sai de lá é constante, pesada e possivelmente tóxica. Ela entra pelas janelas, se espalha pela casa, cai sobre a nossa comida, deixa as camas com mau cheiro e faz a gente perder o ar. É triste ver nossos lares, que deveriam ser espaços de segurança e conforto, sendo invadidos por algo que nos adoece, que suja tudo, que tira a paz", diz a legenda de imagem da publicação, feita no perfil do instagram da Associação dos Moradores e Amigos do Bairro Dom Cabral. 

De acordo com a proprietária do Le Baron, Roberta Rocha, a fumaça é proveniente da queima de lenha para aquecimento de água do estabelecimento, que funciona 24 horas. "É uma lenha natural, com certificado e nota fiscal. Ela não tem aditivo, então não tem cheiro ácido. Ela tem cheiro de mato, de natureza", afirma Roberta. “Parece que moro em frente a uma churrasqueira, o cheiro é inável”, diz Evaristo Neto, que mora há seis anos na Rua Guapiara. Ele conta que, desde 16 de abril, os moradores começaram a registrar, por iniciativa própria, a presença da fumaça em uma tabela de monitoramento diário na qual anotam informações como cor, odor, intensidade e horário. O levantamento, compartilhado com a reportagem, mostra uma frequência maior da fumaça das 17h às 6h, variando da cor branca para cinza, com o odor sendo percebido como moderado ou forte. Os dados levantados coincidem com diversos vídeos e imagens enviados pelos próprios moradores.

Em um dos vídeos, feitos na parte da noite, é possível notar a presença de faíscas saindo da chaminé. Um morador do bairro, que preferiu não se identificar, conta que, além do incômodo provocado pelo cheiro, sente medo de possíveis incêndios. “A queima de lenha verde gera faíscas. Essas fagulhas caem em nossas casas, se cair em superfície inflamável, ainda corremos o risco de um incêndio acontecer”, conta, com medo.

“O que os moradores relatam é que de noite a fumaça é ainda mais intensa, e que isso acontece justamente por ter menos chance de fiscalização. Eu estive lá para gravar os vídeos, e quando você está próximo sente dificuldade até de falar”, conta Leonardo Camilo, presidente da Associação dos Moradores e Amigos do Bairro Dom Cabral. Para ele, mesmo que seja um “material natural", qualquer fumaça é tóxica se for inalada em longo prazo, e por isso usou as redes sociais para denunciar a situação.

“A minha janela é na direção do motel, minha casa está sempre fedendo a fumaça,”, conta Helena de Araújo Medeiros, de 71 anos, que mora na Rua Ibirapitanga há mais de 40 anos. Ela acredita que, devido aos longos anos de exposição à fumaça, seu olfato está comprometido. “Para mim, hoje em dia, o odor a despercebido, mas me incomoda muito ver os cômodos da minha casa enfumaçados. É difícil, não tem pra onde ir”, narra.

Outro morador, que também pediu para não ser identificado, afirmou que os seus animais de estimação também são afetados pela situação. “Já aconteceu muito de encontrar cinzas e faíscas na ração ou na água dos meus cachorros. As cinzas grudam em tudo, os carros e as roupas estão sempre sujos”, explica.

Para alguns moradores, o prejuízo também é financeiro. Em entrevista, eles compartilharam diversos métodos que adotam para lidar com a fumaça. “Tive que comprar um ventilador industrial, e ainda sim, em determinada hora do dia só fico com as janelas fechadas”, conta uma das fontes. “Aqui em casa, a gente colocou umidificador em todos os quartos, ainda mais que temos crianças. Mas são itens que só compramos por morar praticamente em frente à chamine”, diz outro morador.

Em nota, o motel informou que tem conhecimento das reclamações: "Recebemos uma notificação da prefeitura sobre a fumaça da chaminé, após manifestação da associação de moradores. Nosso sistema de aquecimento usa lenha natural, legalizada e sem materiais químicos. A fumaça é branca e leve, já ou por vistorias anteriores e, agora, um novo laudo técnico confirmou que as emissões estão bem abaixo dos limites permitidos pelo Copam (Conselho Estadual de Política Ambiental)".

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A Secretaria Municipal de Política Urbana informou, também em nota, que o estabelecimento tem Alvará de Localização e Funcionamento. Após as denúncias, uma vistoria chegou a ser realizada, e o estabelecimento foi multado por "emissão de fumaça odorífera". Questionada a respeito da persistência da situação, a Prefeitura de Belo Horizonte disse que “a área da Fiscalização da PBH segue monitorando o local e aplicará novas penalidades em caso de constatação de irregularidades”.

*Estagiária sob a supervisão do subeditor Humberto Santos

 

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