AUMENTO DE CASOS

Governo amplia vacinação contra hepatite A para grupo específico

Ministério da Saúde visa conter surtos na população adulta, em especial em homens acima dos 20 anos

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O Ministério da Saúde divulgou, na última sexta-feira (2/5), a ampliação da vacinação contra hepatite A no Brasil para usuários de profilaxia pré-exposição, conhecido como PrEP - tratamento de prevenção ao HIV. A meta da pasta é imunizar 80% das quase 121 mil pessoas que utilizam o tratamento. 

Segundo análise do cenário epidemiológico estadual, a Secretaria Estadual de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) identificou um aumento expressivo no número de casos da doença na capital mineira, especialmente entre homens jovens de 20 a 44 anos. Foram confirmados 223 casos da doença entre dezembro de 2023 e março de 2025 em todo o estado, com crescimento acentuado a partir de agosto de 2024.

Conforme explica o Ministério da Saúde, a vacina será realizada com duas doses, com intervalo de seis meses entre elas. Para receber o imunizante, é necessário apresentar a receita da PrEP no serviço onde a pessoa pega o medicamento e receber a orientação do local para a vacinação.

A vacina contra hepatite A já faz parte do calendário infantil, no esquema de uma dose aos 15 meses de idade. Além disso, a vacina está disponível nos Centros de Referência para Imunobiológicos Especiais (CRIE), no esquema de duas doses com intervalo mínimo de seis meses para pessoas acima de 1 ano de idade com condições de saúde específicas. 

Mudança no perfil epidemiológico

O Brasil registrou uma mudança no perfil epidemiológico da doença, com casos graves sendo, geralmente, registrados entre adultos. Por isso, a medida visa conter surtos nessa parcela da população. A expectativa do governo federal é de que a ampliação da vacinação impacte de forma positiva as internações e os óbitos por hepatite A.

A infectologista Luana Araújo explica que a doença infecciosa, que pode ser transmitida por meio de ingestão de água contaminada ou por práticas sexuais, aumentou principalmente entre homens com mais de 20 anos. Esse grupo representou 62,7% dos casos registrados em 2023, segundo o epidemiológico do Ministério da Saúde.

“A gente tem visto um aumento no número de casos por transmissão sexual no Brasil no últimos anos. A população que utiliza PrEP pode também, eventualmente, ter um comportamento que aumenta sua exposição sexual, como, por exemplo, múltiplos parceiros ou relações sexuais desprotegidas”, analisa Araújo.

No Brasil, o aumento de casos de hepatite A por potencial transmissão por sexo, de acordo com dados do governo federal, foi identificado, pela primeira vez, em 2017, no município de São Paulo. Na época, foram 786 diagnósticos com dois óbitos confirmados.

“Outros surtos foram registrados posteriormente, com predominância na população de homens que fazem sexo com homens. Atualmente, cerca de 80% dos usuários da PrEP têm esse perfil. Os surtos foram controlados com ajuda de ações específicas de vacinação”, destacou a SES-MG. A porcentagem - e meta de imunização - corresponde a mais de 120,7 mil cadastrados no Sistema Único de Saúde (SUS).

Luana ainda afirma que o combate à doença é multifatorial e que a vacinação é uma das medidas que deveriam ser tomadas para conter o avanço da hepatite A no país. Ela defende o treinamento dos profissionais de saúde e a educação dos pacientes, em especial os grupos de risco, para que possam se proteger. 

“A vacinação e sua ampliação são, sim, uma conquista. Entretanto, gostaria de ver um maior esforço na divulgação do problema, na comunicação sobre a questão, na educação dos profissionais de saúde e na educação da população”, afirma a infectologista.

Cenário em BH

Procurada pelo Estado de Minas, a Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) informou que, em 2024, foram registrados 173 casos de hepatite A no município. Diferença alarmante em relação à 2023, quando foram apenas oito. Já este ano, até 30 de abril, já foram 85 casos da doença.

Conforme os Painéis de Vigilância Epidemiológica, na seção "Observatório de Vacinação - Vacinas de Rotina", a cobertura vacinal de hepatite A em crianças de 1 ano está em 124,37% em 2025. A PBH esclareceu que o valor acima de 1005 ocorre porque os dados incluem a imunização de pessoas de outros municípios não somente residentes de Belo Horizonte. "Cabe destacar que não é necessário ser cadastrado em um centro de saúde para receber as vacinas que são ofertadas nas unidades", diz em nota.

Prevenção

Em 25 de abril deste ano, a secretaria de saúde anunciou a realização de uma força-tarefa que inclui investigação epidemiológica ativa, reforço da vigilância e antecipou o envio de 3 mil doses da vacina contra hepatite A para Belo Horizonte.

Também na capital foi iniciada uma investigação epidemiológica detalhada que inclui o envio de questionários por WhatsApp às pessoas que tiveram casos confirmados ou suspeitos. A medida é para que haja monitoramento das pessoas que tiveram suspeita ou confirmação de hepatite A recentemente.

A participação das pessoas é voluntária. As informações levantadas terão caráter sigiloso e serão utilizadas apenas para os fins da investigação. É importante esclarecer, ainda, que os órgãos de saúde têm o aos dados pessoais de cada um, considerando que todos os casos notificados e confirmados da doença são acompanhados pelas áreas de vigilância epidemiológica, para adoção das medidas de controle, se necessário.  

Hepatite A

A hepatite A é uma inflamação no fígado, causada por uma infecção viral, que pode resultar em complicações. Ao contrário das hepatites B e C, a hepatite A não evolui para uma doença crônica, mas pode causar sintomas debilitantes e, raramente, falência hepática aguda e levar o paciente ao óbito.

A transmissão do vírus da hepatite A ocorre predominantemente pelo contato de fezes com a boca, podendo acontecer através da ingestão de água ou alimentos contaminados, bem como por meio de práticas sexuais. Dessa forma, a infecção tem grande relação com baixos níveis de saneamento básico e de higiene pessoal. 

Segundo a nota técnica do Ministério da Saúde, a via sexual de transmissão tem sido mais prevalente em populações com situação de maior vulnerabilidade, como gays e usuários de drogas. Surtos podem ocorrer em populações com prática sexual anal, que propicie o contato fecal-oral, como o sexo oral-anal principalmente.

Entre os sintomas da doença, estão fadiga, mal-estar, febre e dores musculares, que podem evoluir para sintomas gastrointestinais como enjoo, vômitos, dor abdominal, constipação ou diarreia. Com o avanço da doença, a urina fica escura e o paciente pode apresentar pele e os olhos amarelados (icterícia).

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O diagnóstico é realizado por exame de sangue e não há nenhum tratamento específico para hepatite A. A automedicação é contraindicada, uma vez que o uso de medicamentos desnecessários pode comprometer a saúde do fígado.

A principal forma de prevenção é a vacinação e o uso de preservativos é fundamental para a não proliferação da doença.

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