Bertha Maakaroun
Bertha Maakaroun
Jornalista, pesquisadora e doutora em Ciência Política
EM MINAS

O ônus coletivo e o bônus individual da estratégia verbal de Zema

Aliados mais belicistas devem usar as estatísticas que mostram a evolução de Zema no período para que ele reforce as narrativas da extrema direita

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A mais recente pesquisa de intenção de voto para a presidência da República divulgada nesta quinta-feira pela Genial/Quaest aponta para uma nova estatística que, ao governador Romeu Zema (Novo), provavelmente soa como música. Neste terceiro levantamento do ano, em cenário que simula para a disputa ao Palácio do Planalto um hipotético segundo turno entre o presidente Lula (PT) e Zema, o mineiro registra a segunda oscilação positiva e, em relação a janeiro, um crescimento em suas intenções de voto de 28% para 33%. No mesmo período, Lula oscilou negativamente de 45% para 42% das preferências.

Em posição similar a Zema nas simulações de segundo turno contra Lula, encontra-se Ronaldo Caiado (União) governador de Goiás – que cresceu de 26% em janeiro para 33% das intenções de voto em junho contra 43% de Lula. Já o deputado federal licenciado, Eduardo Bolsonaro (PL), atualmente vivendo nos Estados Unidos, manteve entre janeiro e junho 34% das intenções de voto, contra 44% das preferências igualmente estáveis de Lula.

Esse mar revolto, em que Lula enfrenta a sua pior maré, tem sido favorável à oposição que concorre entre si pelo espólio eleitoral do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Em simulações de segundo turno, encontram-se em situação de empate técnico, numericamente atrás de Lula, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), Michelle Bolsonaro (PL); e o governador do Paraná, Ratinho Júnior (PSD). Entre janeiro e junho Tarcísio de Freitas cresceu de 34% para 40% das intenções de voto; Ratinho Júnior oscilou de 35% para 38%; e Michelle Bolsonaro de 38% para 39%.

Difícil dizer sem modelos estatísticos que mantenham sob controle a exposição de eleitores às mais recentes e enfáticas narrativas bolsonaristas disseminadas pelo governador Romeu Zema, se o seu crescimento de 5 pontos percentuais entre janeiro e junho é explicado pelo novo e agressivo personagem que emerge à cena política. No mesmo período, sem ter feito as mesmas estripulias verbais de Romeu Zema que os expusessem à opinião pública e ao veredito história, Tarcísio de Freitas variou positivamente seis pontos percentuais e Caiado, sete pontos percentuais.

Seja como for, as estatísticas que apontam para a evolução de Zema no período serão usadas por seu entorno mais belicista para que ele dobre a aposta nas narrativas adotadas pela extrema direita global. Com elas, o mineiro não só mira a polêmica dos algoritmos em seu favor, ganhando mais visibilidade (e rejeição dos não bolsonaristas), mas também demonstra fidelidade a Bolsonaro, sonhando que poderá vir a ser “ungido” com o seu apoio em disputa nesse campo da direita radical. Com Eduardo Bolsonaro declarando publicamente que o espólio do pai ficará com os “filhos”, segue esta uma aposta de risco.

Zema deverá seguir questionando se houve ditadura no Brasil. Também deverá continuar defendendo o modelo de aprisionamento em massa da ditadura de El Salvador, argumentando que entrevistou naquele país gentes diversas, que manifestaram felicidade com o fim dos achaques de grupos criminosos, agora encarcerados. Sim, o crime organizado deve ser investigado, desmantelado e aprisionado, com o devido direito de cada um de seus membros ao processo legal. Assim são estados democráticos.

Mas desconhecer que em El Salvador há presos injustamente, como denunciam organizações internacionais de direitos humanos, e que, numa ditadura, ninguém está “livre” para dizer o que pensa, soa ingênuo. Essa é uma toada estratégica que a Zema lhe parece servir politicamente. Ao custo da cultura democrática e do propósito de políticos do centro democrático, que lutam para a pacificação do país, que saem em baixa desse tiroteio verbal destrutivo.

A história mostra que em 1964, aqueles que contribuíram para a fundação dos alicerces culturais ao golpe, disseminando a percepção de uma “ameaça comunista” e de uma “ameaça aos valores cristãos” não tiveram final feliz. Que o diga o udenista Carlos Lacerda. Essa é uma lição que todos – democratas e pessoas de índole nem tanto democrática – devem cultivar em sua memória. Para quem não sabe, a história de amor de Carlos Lacerda com a trama do golpe de 1964 terminou com a sua cassação. Pelos golpistas.


PRD e Solidariedade

Aprovada pelas respectivas executivas nacionais a federação entre PRD e Solidariedade, o lançamento oficial será no próximo 11 de junho, na Câmara dos Deputados A nova bancada ará a ter 11 parlamentares, cinco do PRD, entre os quais três mineiros – Dr. Frederico, Fred Costa e Pedro Ayara; e cinco do Solidariedade, entre os quais Zé Silva e Weliton Prado de Minas. Em Minas, o controle da federação ficará com o PRD, segundo assinala o vereador Wanderley Porto (PRD).

PSDB e Podemos

A incorporação do Podemos pelo PSDB na executiva nacional tucana foi aprovada, agora restando arestas a aparar para selar o noivado no Podemos. Quem vai comandar o novo grupamento, eis o embate. O Podemos reivindica a presidência para a deputada Renata Abreu (Pode-SP), por ser hoje maior do que o PSDB. Já os tucanos tentam convencê-la a fazer um rodízio, com cada grupo assumindo o comando por seis meses até a eleição municipal.

Já combinou?

A expectativa do PSDB e do Podemos é dar entrada no Tribunal Superior Eleitoral(TSE) com o pedido de incorporação em julho e receber o aval até setembro ou outubro. A partir daí, os novos dirigentes da agremiação querem negociar uma federação com o Solidariedade. Mas, na nova federação PRD-Solidariedade não há consenso sobre essa matéria. “Não temos interesse em federar com o PSDB e o Podemos”, afirma Wanderley Porto (PRD). “Sou favorável a nova federação que poderia sim ser com o PSDB-Podemos, pois ambos são do centro, como nós”, afirma o deputado federal mineiro Zé Silva (SD).

Vetos Propag

Líder do governo Zema na bancada federal, Zé Silva articula com o secretário de estado de Governo, Marcelo Aro (PP) reunião no próximo 11, em Brasília, para debater os vetos do presidente Lula ao Programa de Pleno Pagamento das Dívidas dos Estados com a União (Propag). Estão convidados Corrêa Júnior, presidente do Tribunal de Justiça de Minas Gerais, Tadeu Martins Leite (MDB), presidente da Assembleia Legislativa. Com o Congresso desarticulado e se reunindo principalmente de forma remota, a matéria não é prioritária. Primeiro precisarão convencer Hugo Motta (Republicanos-PB) a pautar os vetos.

Contrato suspenso

A Associação Profissionalizante do Menor de Belo Horizonte – ASSPROM e Rede Cidadã representaram ao Tribunal de Contas do Estado (TCE) contra a Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social (Sedese) contra supostas irregularidades em processo de seleção pública para contratação estimada em R$ 237 milhões destinados ao atendimento de 10 mil estudantes da rede pública. Segundo as denunciantes, a Sedese impôs a qualificação da entidade vencedora do certame como Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (Oscip), o que foi considerado restritivo à competitividade. A matéria foi encaminhada pelo conselheiro Licurgo Mourão para análise do pleno. Até lá, o TCE determinou a suspensão da do contrato.

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Métodos naturais

O Psol propôs ao Tribunal de Justiça de Minas Gerais nova ação direta de inconstitucionalidade contra ato aprovado no âmbito da Câmara Municipal de Belo Horizonte. Desta vez, trata-se da Lei 11.863/2025, de autoria do vereador Uner Augusto (PL), que estabelece em Belo Horizonte o “Dia Municipal dos Métodos Naturais”. A ação argumenta que a propagação de tais métodos não se fundamenta cientificamente, mas antes, diz respeito à fé individual, o que desincentiva o planejamento familiar. É mais uma matéria que não foi sancionada pela Prefeitura de Belo Horizonte e terminou promulgada pela Câmara Municipal.

As opiniões expressas neste texto são de responsabilidade exclusiva do(a) autor(a) e não refletem, necessariamente, o posicionamento e a visão do Estado de Minas sobre o tema.

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